1º de maio, feriado nacional e internacional, em tributo à greve iniciada em Chicago em 1886, pela melhoria das condições de trabalho. Em Portugal, o Dia do Trabalhador é assinalado com dispensa de trabalho e manifestações em prol da continuidade das melhorias do trabalho.

No Gerês, muito pelo contrário, o Dia do Trabalhador, marca o início de uma nova época termal, de emprego, de melhoria das condições de vida e de trabalho! O feriado, vivenciado pela maioria como um dia de descanso, representa para os geresianos e populações vizinhas, o (re)ingresso no trabalho após longos meses de desemprego, sendo por isso, um momento sobejamente almejado.

Para uma melhor compreensão deste acontecimento anual, importa contextualizarmos as termas e o termalismo na vila do Gerês.

As termas do Gerês, amplamente reconhecidas pelas suas propriedades medicinais ao nível das doenças hépato-biliares, viu construído o seu primeiro Estabelecimento Termal do Gerês em 1897, apesar das evidências de exploração romana (foram encontradas moedas romanas junto às nascentes). É durante o reinado de D. João V que se constroem os Poços e os primeiros edifícios para banhos.

O poder curativo das suas águas, motivou a deslocação de reis (ex. D. João V, D. Luiz I), rainhas (ex. D. Maria Pia), membros da realeza (ex. D. Carlos I, D. Maria Amélia), ministros, clero e proletariado, em busca das águas milagrosas. O movimento das massas potenciou o desenvolvimento de infraestruturas de alojamento e restauração, proporcionando aos geresianos melhores condições de vida. Casino, cinema, bailes de época opulentos e arrais, marcaram durante muito tempo a época termal.

Nos dias de hoje, este fulgor foi-se perdendo, fruto das mudanças societais (diminuição dos aquistas e aumento dos turistas), mas mesmo assim, entre o dia 1 de maio e o 31 de outubro – época termal, o Gerês “ganha vida”; um hábito arraigado, ou quiçá, uma expectativa remanescente de retorno aos dias gloriosos dessa época termal.

Por conseguinte, é com naturalidade que, na Vila do Gerês, com o início da primavera, abram-se as janelas; arejem-se os espaços, façam-se obras de melhoria, retoquem-se as pinturas, limpem-se as ruas. Comprem-se novos atoalhados, roupas de cama e fardas… As lojas aperaltam-se! As unidades hoteleiras contratam pessoas … uma máquina oleada e preparada para a época que se avizinha.

Os dias que antecedem o 1º de maio, são vividos pelos hoteleiros, comerciantes e aquistas com excitação. Confirmam-se as reservas (de parte a pate, isto é, hoteleiros e aquistas); garantem-se os quartos e as mesas – há clientes de longa data que impreterivelmente ficam anualmente, na mesma unidade hoteleira, no “seu” quarto, fazendo as refeições na “sua” mesa; confirma-se a prontidão do serviço, garantia de estar tudo a postos para os receber.

Apesar do turismo afigurar-se paulatinamente como uma das principais atividades económicas do Gerês, o termalismo, é, e sempre será, uma das principais atividades, pela ligação afetiva e sentimento de gratidão, pelas oportunidades de desenvolvimento proporcionadas ao longos dos tempos. Por isso, o dia 1 de maio irradia uma luz especial para quem vive e trabalha no Gerês!